existência está o fato da cidade de Rio de Contas ser reconhecida Patrimônio Nacional pelo IPHAN. Eleita enquanto um conjunto arquitetônico histórico de valor cultural a ser preservado, sobre a cidade pousa uma linha imaginária que delimita uma poligonal, a qual desenha a área e os limites do seu Centro Histórico: um traçado de ruas e a volumetria de um casario que encontram-se em constante observação – sobre a qual não cessa de ser produzidos documentos – e regidos por legislação específica que deve salvaguardar sua forma, pois nesta estaria materializada a história e os registros da tradição cultural que significam a existência de tal ocupação populacional. Fazer permanecer a forma espacial do tempo passado para que esta alcance o tempo futuro e assim se estabeleça reconhecida e valorizada enquanto Patrimônio Cultural de seu povo, eis a laboriosa missão do Tombamento engendrado à produção do espaço da cidade de Rio de Contas.
Neste contexto, o Festival Rua dos Inventos entra em cena incitando questões: como a produção espacial do presente em Rio de Contas reelabora e resignifica o traçado de suas ruas e a volumetria desenhada pelas fachadas do seu Centro Histórico? Que história-menor é articulada no presente urbano que atualiza sua cultura e redefine a sua espacialidade injetando mobilidade – mesmo que sutil ou “fora da Lei” – à sua forma? De que maneiras o tempo presente da ação humana atualiza o espaço, recriando-o enquanto expressão estética de diferentes tempos e de diferentes formas de vida?
Tais questões são primazes por termos o espaço vivido da rua como foco principal das ações que ocorrerão dentro da programação do Festival. Muito além de uma forma e de uma volumetria conservada de um tempo longínquo, entendemos a rua como território de situações que no seu acontecer produzem espacialidades-outras, diversas, corporificadas, onde muitos tempos sociais se entrelaçam e o movimento da história se perpetua, atribuindo vida à materialidade construída da cidade. Portanto, o “pacto” do Festival Rua dos Inventos é com o movimento que articula cotidianamente – e porque não culturalmente? – tempo-espaço nas ruas de Rio de Contas.
Sendo assim, cabe a nós – comissão organizadora e curadores do Festival – a instigante missão de articularmos o encontro entre artistas, suas artes e os fazedores do espaço vivo da cidade de Rio de Contas. Encontros que venham a criar espaços-outros, em temporalidades específicas, possíveis pelo “fazer com” a vida ali encontrada. Para tanto, selecionamos trabalhos que levam em
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